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Viva La Muerte!

Viva La Muerte!

Mão Morta

Horários e escolha de sessões

Escolha de sessões:

Data Hora
Sáb 20 Set 21:30

Outras informações

Público

M/6

Duração

1h15m (sem intervalo)

Músicos

Letras: Adolfo Luxúria Canibal
Música: Miguel Pedro e António Rafael
Arranjos: Mão Morta

Músicos
Adolfo Luxúria Canibal – voz
Miguel Pedro – bateria, electrónica
António Rafael – teclas, electrónica
Vasco Vaz – guitarra
Ruca Lacerda – guitarra e bateria
Rui Leal – baixo e contrabaixo

Coro
Fernando Pinheiro (Direcção)
Jorge Barata
Lucas Lopes
Paulo Santos Silva
Tiago Regueiras

Info

Figurinos: Helena Guerreiro
Costureira: Hari Machibari
Criação vídeo: Joana Domingues
Produção vídeo: Canal180

Viva La Muerte!

Mão Morta

Descrição

Preço do bilhete ao balcão: 17,50€ (com desconto: 15,00€)

Preço do bilhete on-line: 18,79€ (Com desconto: 16,11€)

 

Em 2024 comemoraram-se os 50 anos do 25 de Abril. Também os Mão Morta comemoraram os 40 anos da sua fundação, em Novembro de 1984. Dois acontecimentos que aparentemente nada têm em comum, salvo o facto de que sem o 25 de Abril, e a liberdade e democracia que trouxe para Portugal e para os portugueses ao pôr termo a 48 anos de ditadura fascista, provavelmente os Mão Morta nunca teriam existido.
Pelo menos os Mão Morta que conhecemos, com a sua reconhecida postura estética e a fraturante intervenção social e política, de que os discos “Há Já Muito Tempo Que Nesta Latrina o Ar Se Tornou Irrespirável” e “Pelo Meu Relógio São Horas de Matar” são exemplos. Ora, numa época em que o perigo do regresso do fascismo se torna palpável, não apenas em Portugal mas em todo o mundo democrático, com a iniciativa ideológica das forças políticas conservadoras e o seu acolhimento privilegiado nos média a dirigir o discurso político dominante, os Mão Morta não podiam deixar de se manifestar e de denunciar o ar dos tempos. Denunciar este discurso polarizador, inimigo da complexidade e da argumentação, onde as posições de direita se mesclam com as da extrema-direita e as palavras de exaltada agressividade mais os apelos inflamados ao ódio criam na opinião pública uma predisposição para a destruição e o calar do outro, reduzido a inimigo intolerável, por atos concretos. A mesma pulsão de morte, que há cem anos esteve na origem do fascismo na Itália e do nazismo na Alemanha – e dos seus sucedâneos em Portugal, Espanha e Grécia –, grassa agora por toda a Europa. Foi sobre este recrudescimento das forças maléficas anti-democráticas e do seu comportamento arruaceiro, que usam a democracia para a apologia do fascismo, que os Mão Morta quiseram fazer um espetáculo, deixando claro os perigos que corremos e em que a democracia incorre. Era o seu contributo para os festejos do 25 de Abril, esse ato fundador dos dias radiosos em que Portugal cresceu nos últimos 50 anos. E também a maneira mais digna de celebrar 40 anos, dizendo presente quando a sociedade democrática em que vivem e os acolhe mais precisa, como é dever de qualquer artista e intelectual, enquanto “trabalhador do espírito”. No entanto, por motivos de saúde, os Mão Morta viram-se obrigados a adiar esse espetáculo comemorativo dos 50 anos do 25 de Abril e dos 40 anos da sua existência para Janeiro de 2025, que corresponde ao mês em que, 40 anos antes, se estrearam ao vivo. Uma alteração da data de estreia que, assim, mantém atual o seu teor comemorativo e, por força das circunstâncias, a sua temática.

Os Mão Morta abordaram artisticamente esta comemoração dos 50 anos do 25 de Abril e dos 40 anos da sua existência através da concepção, composição e produção de um espetáculo de palco. Os temas musicais desse espetáculo, compostos de raiz, foram buscar referência, por um lado, a autores como José Mário Branco, Adriano Correia de Oliveira, Zeca Afonso, Ary dos Santos, etc…, que viveram pessoalmente o fascismo salazarista e retiraram da ausência de liberdade e da censura institucionalizada a força e a motivação para compor música e, por outro, às temáticas do fascismo contemporâneo, também designado “pós-fascismo”, como o ultranacionalismo bélico, as teorias racistas da “grande substituição”, a globalização das teorias conspiracionistas, o ódio ao conhecimento científico e às instituições do saber ou o apelo ao pensamento único, de vocação totalitária. São temáticas que, ainda que trasvestidas por um nacional-populismo que promete cumprir e respeitar as ideias e as regras democráticas, encarnam, no fundo, a versão hodierna do profundo anti-iluminismo que esteve na origem ideológica do fascismo, nascido de forma tímida, em Itália, nos primeiros meses de 1919, mas que, em poucos anos, tomou conta do mundo. Um espetáculo, de cerca de 60 minutos, onde as referências melódicas e harmónicas da música de intervenção portuguesa pré-25 de Abril se cruzam com o rock e o experimentalismo próprio da sonoridade dos Mão Morta. Nesse sentido, trabalharam com um coro masculino, o que, para além de remeter simbolicamente para o “Grândola Vila Morena”, paradigma da música coral masculina e do cante alentejano, que tem a particularidade de ter servido de código para o despoletar do golpe militar que destronou o Estado Novo, permitiu aos Mão Morta não só explorar novos caminhos de composição e arranjos como expandir as suas possibilidades vocais, harmónicas e melódicas. O que, diga-se, era a única forma aceitável de celebrar 40 anos de existência.

 

ESPETÁCULO APOIADO PELA DGARTES/ RTCP